“nem todo o corpo é carne”*,não
ó subtil incandescência dos olhos
rasto da luz coada por entre os dedos
palavra
-nome que se segrega como suores
minúscula e húmida de cor
soprada ao de leve pelos lábios
não é carne
os recessos sinuosos da memória
os lugares de mim onde a língua
percorrendo-te ávida
sobra nos lugares de ti. carne não é
o desfolho do teu tempo
nos quentes concâvos do meu
ou os dias que aí repousam
acantonados entre uma morte
e outra por vir
suspeito que mesmo a flor
tremenda
do meu ventre
rebentando agora cálida à tua beira
não é essa carne viva e pulsante como astro
mas uma qualquer outra história
de invisíveis
e indivisíveis enredos
mãos bocas fios e abismos com peixes dentro
onde marés e olhos
desvendam no mar os rios e
os ardores do sol
sabem
inevitavelmente
ao luar que aí morre
: não carne,
não
*david mourão ferreira
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
ia e vinha e a cada coisa perguntava que nome tinha- sophia
6 comentários:
Como sempre... excelente!
se mantiveres esta cadência, já me vou considerando satisfeito :)
Sem comentários, apenas um beijo imenso :)
luar vivo que ilumina toda a carne do poema ou de quando um peixe que queria ser uma flor se abismou :)
um suspiro. tu sabes. lento e quase sonoro. J.
um suspiro. tu sabes. lento e quase sonoro. J.
Enviar um comentário