estas palavras viajam sem âncoras´
crescendo a despropósito
entre o céu da boca e a boca do corpo
digo
:estes são os dias do meu amado
o seu tempo desflora-me espesso como o ar
que a manhã lambeu na terra
no ventre terroso do seu corpo
onde por assim ser
começa o seu nome corpóreo
uma árvore de mil frutos
se intromete entre a língua e as mãos
:digo mil frutos e a minha boca não nega
o seu sabor de mel
- que ventos e chuva nos lavem da face da terra
e ainda assim o meu amado se erguerá
e com ele o seu e o meu tempo-
e nos seus olhos
nessas fronteiras de vidro onde
tantas
tantas vezes
espreito a eternidade
duas asas me esperam e me hão-de elevar
pelos céus
o meu amado viaja comigo e eu com ele
entre este e outro tempo e
entre este e outro tempo eu e o meu amado
permanecemos
crescendo a despropósito
entre o céu da boca e a boca do corpo
digo
:estes são os dias do meu amado
o seu tempo desflora-me espesso como o ar
que a manhã lambeu na terra
no ventre terroso do seu corpo
onde por assim ser
começa o seu nome corpóreo
uma árvore de mil frutos
se intromete entre a língua e as mãos
:digo mil frutos e a minha boca não nega
o seu sabor de mel
- que ventos e chuva nos lavem da face da terra
e ainda assim o meu amado se erguerá
e com ele o seu e o meu tempo-
e nos seus olhos
nessas fronteiras de vidro onde
tantas
tantas vezes
espreito a eternidade
duas asas me esperam e me hão-de elevar
pelos céus
o meu amado viaja comigo e eu com ele
entre este e outro tempo e
entre este e outro tempo eu e o meu amado
permanecemos
(para ti, primavera em mim)
marc chagall, les amoureaux