19 março 2008

dos dias anteriores




















estas palavras viajam sem âncoras´
crescendo a despropósito
entre o céu da boca e a boca do corpo
digo
:estes são os dias do meu amado
o seu tempo desflora-me espesso como o ar
que a manhã lambeu na terra


no ventre terroso do seu corpo
onde por assim ser
começa o seu nome corpóreo
uma árvore de mil frutos
se intromete entre a língua e as mãos

:digo mil frutos e a minha boca não nega
o seu sabor de mel
- que ventos e chuva nos lavem da face da terra
e ainda assim o meu amado se erguerá
e com ele o seu e o meu tempo-

e nos seus olhos
nessas fronteiras de vidro onde
tantas
tantas vezes
espreito a eternidade
duas asas me esperam e me hão-de elevar
pelos céus

o meu amado viaja comigo e eu com ele
entre este e outro tempo e
entre este e outro tempo eu e o meu amado
permanecemos


(para ti, primavera em mim)

marc chagall, les amoureaux

6 comentários:

O'Sanji disse...

deve haver algum "espírito" que me segreda: "vai ao deambulatório!"
obrigada pelo que escreves.

Micas disse...

Grata por toda a beleza, paz e tranquilidade que aqui venho beber.
Beijo minha querida.

Anónimo disse...

A Primavera insurge-se em quem a reclama. Sim, a Primavera nasce aqui...

r.e. disse...

saber dizer o ar que nos sopra uma alma adentro é mais do que a minha palavra engendra. J.

mjm disse...

Vim embebedar-me de pólen, Bli!

Ubíqua,
a tua palavra,
quando se cola às minhas papilas.
Levei-te;
vesti-me de ti
para me despir.
anda!

Anónimo disse...

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ia e vinha e a cada coisa perguntava que nome tinha- sophia

memória