16 janeiro 2009







apenas te amo com a vulgaridade dos dias
com esse silêncio velho dos aloés à beira do mar
nos senteiros daninhos de erva e de pedra
e de terra 
à vez seca
à vez húmida 
e os seus breves pirilampos e orvalhos

apenas te amo 
com a carne magoada de tantos sonhos anteriores
apenas te amo
vou escurecendo

: trago o chão todo que pisei agarrado a mim
os homens que amei e a ti
os filhos que pari e de ti
mãos brancas como manhãs jovens de
veludo e
o tempo todo 
no tempo todo
agarrado a mim

- apenas te amo com a vulgaridade dos dias

(rente ao corpo
no intervalo pouco de uma vida)

                              ...

inventa-me outro lugar, vá,
-um que seja- 
perpendicular ao nome das coisas
para devolver-me esse espanto redondo que é o amor

um lugar, sim,
curvo
fechado
lento
lentíssimo

como o rasto molhado do silêncio
lambendo os caminhos
os aloés
os dias e na terra
à vez seca
à vez seca
o chão que trago agarrado comigo



(demasiado quotidiano, dizes.
é.)







ia e vinha e a cada coisa perguntava que nome tinha- sophia

memória